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Expectativa de vida do brasileiro não incorpora mortalidade por covid, diz IBGE – 25/11/2022 | Diário do Grande ABC

A expectativa de vida do brasileiro divulgada nesta sexta-feira, 25, não incorpora ainda ao cálculo o aumento no número de mortes no País decorrente da pandemia de covid-19, alertou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Se não tivesse ocorrido um aumento extraordinário na mortalidade em decorrência da pandemia de covid-19, a expectativa de vida do brasileiro teria aumentado dois meses e 26 dias no ano passado, passando de 76,8 anos em 2020 para 77 anos para o total da população, segundo os dados da Tábua Completa de Mortalidade de 2021, publicada no Diário Oficial da União (DOU).

No entanto, é esperado que o aumento no número de óbitos por covid-19 tenha abreviado essa esperança de vida, embora ainda não apareça nesse cálculo. “Assim como ocorreu na divulgação anterior das Tábuas Completas de Mortalidade, ocorrida no ano passado, os dados publicados hoje (25/11/2022) pelo IBGE representam os indicadores de mortalidade do país, na ausência da pandemia de Covid-19”, ressaltou o IBGE, em nota oficial.

Não fossem “os impactos da crise de mortalidade vivenciada pelo Brasil em 2021”, a expectativa de vida ao nascer seria de 73,6 anos para os homens. Para as mulheres, a esperança de vida ao nascer seria de 80,5 anos.

A expectativa de vida do brasileiro aos 60 anos de idade seria de 23 anos: 21 anos para os homens e 24,7 anos para as mulheres

As Tábuas Completas de Mortalidade para o Brasil 2021 são construídas a partir de uma projeção da mortalidade calculada com base em dados censitários de 2010, quando foi conduzido o último Censo Demográfico, por isso não incluem o efeito da pandemia.

“Um novo conjunto de tábuas de mortalidade também será construído após a divulgação dos resultados do Censo Demográfico 2022, quando haverá uma estimativa mais precisa da população exposta ao risco de falecer e das mortes observadas nos últimos doze anos”, apontou o instituto.

O órgão estatístico explica que, para captar a realidade atual da expectativa de vida em meio à pandemia, a metodologia de cálculo precisaria ser alterada, o que demanda tempo, discussão e mais informações. A divulgação dos dados referentes a 2021 precisava ser efetivada para cumprir determinação prevista em lei.

“Para que os efeitos observados da pandemia de covid-19 estejam refletidos nas Tábuas de Mortalidade é necessária uma alteração metodológica com relação à forma como o IBGE vem calculando suas Tábuas. A alteração requer que, além de se considerarem os óbitos observados e ajustados pelo sub-registro no numerador das Taxas Centrais de Mortalidade por idade (ponto inicial de cálculo das várias funções da Tábua de Mortalidade), que se disponha de uma estimativa da População também resultante dos óbitos observados no denominador, de forma a haver compatibilidade entre os dados utilizados nos cálculos”, explicou o órgão.

“Uma alteração metodológica nas Estatísticas Oficiais do IBGE deve estar baseada em dados robustos e ser discutida com técnicos especialistas de instituições nacionais e internacionais, além de ser publicada com transparência e antecedência, para que não ocorra mau uso ou entendimento inadequado da informação divulgada, conforme descrito no Código de Boas Práticas das Estatísticas do IBGE. Dessa forma, alterações na metodologia de cálculo das Tábuas Completas de Mortalidade que possam incorporar os efeitos observados nos óbitos serão elaboradas e publicadas oportunamente.”

O IBGE divulga, anualmente, as Tábuas Completas de Mortalidade para o total da população brasileira, com data de referência em 1º de julho do ano anterior, em cumprimento à legislação, conforme o Artigo 2º do Decreto Presidencial nº 3.266, de 29 de novembro de 1999. As informações sobre a expectativa de vida do brasileiro são usadas como um dos parâmetros para determinar o fator previdenciário, no cálculo das aposentadorias do Regime Geral de Previdência Social.

“A crise sanitária provocada pela covid-19 elevou os óbitos em 2020 e 2021; no entanto, é muito pouco provável que a elevação nos óbitos se mantenha nos anos seguintes. Espera-se que, com o controle da pandemia, o nível da mortalidade retorne ao patamar pré-crise, continuando a trajetória de decrescimento observada nas últimas décadas. Nesse sentido, no longo prazo, a mortalidade brasileira deverá ser analisada por meio de Tábuas de Mortalidade projetadas, as quais também serão utilizadas para o cálculo das Projeções da População, elaboradas para pavimentarem o planejamento de políticas públicas de médio e de longo prazos”, afirmou o instituto.