Um dos municípios mais afetados do litoral paulista com as chuvas deste final de semana foi São Sebastião. Moradias foram destruídas por desabamentos, deslizamentos e alagamentos. “Tudo é lama, tudo é barro, destroços, entulhos e escombros. É realmente traumatizante” relata Pauleteh Araújo, vereadora suplente do município e moradora da região de Juquehy.
Pauleteh estava em casa durante as fortes chuvas, como não teve a residência muito afetada, agora auxilia outros moradores da região e conversou com o Estadão esta tarde.
Ao menos 23 pessoas morreram vítimas das fortes chuvas que atingiram o litoral entre a noite de sábado, 18, e a madrugada deste domingo, 19. Somente em São Sebastião são 22 mortes confirmadas pelo prefeito Felipe Augusto (PSDB). Outra vítima é uma menina que morreu ao ser atingida pelo deslizamento de pedras em Ubatuba. Até a noite deste domingo, 228 pessoas estão desalojadas e 338, desabrigadas.
Como a casa de Pauleteh não chegou a ser inundada, ela afirma que abrigou três pessoas em sua residência e agora auxilia outras famílias em um dos alojamentos na cidade, localizado na igreja Assembleia de Deus Ministério de Belém. “A região está completamente destruída, é um outro local, irreconhecível, parece cenário de guerra”, diz ela que cresceu no local.
Uma das pessoas na igreja que viveu e ainda vive o desespero da destruição no bairro é Priscila Silva, de 23 anos, moradora de Juquehy que acompanha sua irmã e o cunhado que perderam a casa com tudo dentro após alagamento. “Eu tinha acabado de chegar do trabalho, uma hora da manhã, foi quando eu fui ver que estava tudo alagado, eu só fui ter contato com ela (a irmã) era quatro horas da manhã”, explica.
As duas irmãs ainda esperam notícias da mãe que mora na vila da Baleia e se encontra incomunicável desde sábado. De acordo com boletim divulgado pelo governo estadual, o bairro da Baleia é uma das regiões mais afetadas de São Sebastião junto com Camburi.
A moradora e líder comunitária de Barra do Sahy, no litoral de São Sebastião, Nalda Araújo também relatou os momentos de terror vividos por moradores e turistas durante a madrugada. Segundo ela, dezenas de casas foram soterradas.
“Era em torno das 3 horas da manhã quando a gente ouviu uma gritaria. Saímos na rua e o pessoal estava gritando, corre que o morro está desabando. Eu moro a mais de 100 metros, mas quando olhei para trás o morro estava descendo com casa, com carro, com pessoas. A gente saiu correndo…”, disse.
Segundo o governo do Estado de São Paulo, os maiores acumulados de chuva das últimas 24 horas se deram em Bertioga (683mm). Guarujá (395mm), Santos (232mm), São Vicente (194mm), Cubatão (117mm), Praia Grande (209mm), Mongaguá (112mm), Itanhaém (94mm), Peruíbe (98mm), Ubatuba (335mm), Caraguatatuba (234mm), Ilhabela (337mm) e São Sebastião (627mm).
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) anunciou que o alerta vermelho para o litoral paulista permanece até segunda-feira, 20, com chance de chuva superior a 60 mm por hora ou acima de 100 mm por dia. Após segunda, o alerta deve diminuir para a categoria laranja, com previsão de chuva entre 30 e 60 mm por hora e entre 50 e 100 mm por dia. (Colaborou José Maria Tomazela)