Beatriz Ferreira é um dos nomes mais conhecidos do boxe brasileiro na atualidade. Campeã Mundial em 2019 e medalhista de prata na Olimpíada de Tóquio, a brasileira optou por dar um passo a mais na carreira e lutar profissionalmente desde o fim de 2022. Apesar disso, a atleta não abriu mão da caminhada olímpica e continua se dividindo entre os combates pelo sonho do bicampeonato mundial e o ouro olímpico nos Jogos de Paris, em 2024.
Desde que começou sua carreira profissional, Bia Ferreira já subiu no ringue duas vezes e está invicta. Após este período, a brasileira começou o ano de 2023 se preparando para a disputa do Mundial de boxe e outras competições olímpicas.
“A rotina mudou em questão da concentração e de ficar sozinha. Acho que o profissional requer uma concentração maior e você fica um pouco solitária, porque você repete muito as sequências, o treinamento, mais sozinha, é diferente do olímpico, que estamos fazendo escola de combate, a gente sempre está em grupo, então o treino é bem mais descontraído”, afirmou a boxeadora ao Estadão.
“No profissional é mais quieto, mais intenso. Eu gostei, eu gostei bastante, acho que peguei um pouco desse jeito de ser um pouco mais quieta, mais concentrada, de pensar mais, em questão de ficar meio solitária assim. Mesmo agora, treinando com a equipe olímpica, acho que adquiri isso. Acho que essa concentração a mais de um profissional está me ajudando aqui no olímpico”, acrescentou.
A divisão do atual momento da carreira da boxeadora brasileira só é possível por causa de uma decisão da IBA (Associação Internacional de Boxe). A entidade decidiu que boxeadores profissionais poderiam voltar a competir na modalidade olímpica, o que não era possível anteriormente. O primeiro atleta a usar esta nova regra foi o italiano Carmine Tommasone, já na edição dos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio.
Apesar da opção por lutar no profissional e olímpico “ao mesmo tempo” ser nova para um atleta do Brasil, a alternativa já é usada por muitos boxeadores ao redor do mundo.
“Isso é normal, em outros países isso já acontecia, tem vários atletas que já eram do profissional e disputavam campeonatos junto com a galera do olímpico, então, isso é bem comum. Penso que o que mais muda é em relação ao treino do profissional, que é um pouco mais reservado, mais duradouro, mais intenso, diferença dos rounds, que no profissional não tem capacete, mas fora isso é comum”, afirmou, animada com a possibilidade de seguir nos dois caminhos.
“Agora a gente acaba se conhecendo até um pouco mais, porque muitos atletas olímpicos tinham essa curiosidade de fazer os dois, e às vezes ficava um pouco receoso e eles vêm perguntar, tiram algumas dúvidas. Acredito que mais pra frente vai ser bem comum, já é bastante comum na Europa, mas eu acredito que aqui no Brasil também será”, completou Bia.
MUNDIAL E OLIMPÍADA
Mesmo tendo a alternativa, desde 2016, a escolha de Bia Ferreira não é tão comum no Brasil. Nomes como Esquiva Falcão, Robson Conceição, Adriana Araújo e Hebert Conceição decidiram por seguir apenas no profissional.
A razão pela decisão de Bia é muito clara em sua cabeça e passa por dois sonhos que estão próximos. “Meu maior sonho é ser bicampeã mundial e me classificar para os Jogos Olímpicos de Paris. Eu não levo nem como um sonho, porque um sonho é você imaginar e eu estou correndo atrás para que seja um sonho bem real, o mais real possível. A gente tá no caminho, tá trabalhando pra isso, eu estou bem confiante, acredito que eu sou capaz, vou brigar até o fim para que esse sonho se realize.”
Visando sua preparação no boxe olímpico, Bia Ferreira voltou a subir no lugar mais alto do pódio no último fim de semana. No domingo, a brasileira conquistou o tricampeonato do Torneio de Strandja, tradicional competição na Europa.