BLOG DO ARI
Campinas, SP, 4 (AFI) – Em futebol, quando se tem elenco mais qualificado e treinador com visão de jogo para explorá-lo da melhor maneira possível, a probabilidade de que seja vencedor, contra adversário de qualidade técnica inferior, é bem maior. Foi aquilo que aconteceu na vitória do Santos sobre o Guarani por 2 a 0, na tarde deste domingo, na Vila Belmiro.
Em termos estruturais, esta derrota do Guarani tem conotação semelhante à anterior, para o Mirassol, quando conseguiu duelar em parte do primeiro tempo e foi totalmente envolvido após o intervalo.
Quem viu o Guarani com marcação alta e sob pressão no início da partida, quando colocou em prática troca de passes com rapidez e se aproximando da área adversária, ficou com a sensação que faria jogo de igual por igual com os santistas, mas a sequência mostrou falta de repertório diversificado, exatamente aquilo que sobrou pelo lado santista.
VIRADA DE JOGO
Como a obediência tática de recomposição do time bugrino dificultava penetrações dos santistas, foi colocado à prova o ensaio feito pelo seu treinador Fábio Carille, de trabalhar a bola do lado direito do campo, exigir concentração de jogadores adversários na marcação, para hábil e surpreendentemente provocar virada de jogo ao lado oposto.
Esse repertório se repetiu por duas vezes durante o primeiro tempo, com Guilherme, atacante de beirada do Santos, acionado pelo lado esquerdo.
Se na primeira investida dele, foi exigido que o goleiro bugrino Douglas Borges praticasse defesa difícil, na segunda arrancou com a bola e só foi desarmado quando preparava a finalização.
COSTAS DA ZAGA
Claro que o elenco santista é qualificado e se dá ao luxo de deixar na reserva jogador com o potencial de William Bigode.
Mas quando um treinador pensa o jogo são outros quinhentos.
Pois Carille já havia observado que o Guarani atuava com linha de seu compartimento defensivo adiantada, e ordenou que os lançamentos aos seus atacantes não fossem feitos de trás e sim a partir do meio de campo.
E não é que a estratégia surpreendeu seu adversário Umberto Louzer, que assistiu a armadilha sem ‘remédio’ para conserto.
Em um destes lançamentos, Guilherme ficou de mano com o lateral-direito bugrino Heitor, ganhou na velocidade e sofreu pênalti, aos dez minutos do segundo tempo, que ele mesmo converteu três minutos depois, com chute rasteiro no canto esquerdo.
COMPETITIVADE
Não bastasse ter um treinador que pensa o jogo, o Santos mostra em campo um time competitivo, que ganha a maioria das disputas diretas de jogadas, principalmente através de seu volante João Schimdt.
A postura do Santos contrastou com o Guarani, que não colocou em prática aquela gota de suor a mais nas divididas, e ficou assistindo o domínio do adversário durante o segundo tempo.
Convenhamos que passar o jogo inteiro com apenas um lance de perigo contra a meta adversária, e ainda aos dois minutos iniciais de partidas, na finalização do atacante Derek e defendida pelo goleiro João Paulo, é muito pouco.
RÉGIS E CHAY
Ficou claro, também, que ao levar o meia Régis para o jogo, a preocupação de Louzer foi dar uma satisfação à torcida, pois viu-se claramente que o atleta ainda não está condicionado fisicamente para ser colocado à prova.
E quando acrescentou na equipe o meia Chay e atacante João Victor, desguarnecendo ainda mais a ‘meiúca’, pareceu ter batido o desespero para atingir maior volume ofensivo, na tentativa do empate.
Aí, com as mexidas, o buraco no meio de campo bugrino aumentou, e o Santos foi trabalhando a bola, administrando a vantagem, até chegar ao segundo gol. Ao ser lançado, Guilherme finalizou com sucesso aos 36 minutos do segundo tempo e sacramentou a vitória.