Rio de Janeiro, RJ, 4 (AFI) – Depois de virar o jogo no ‘Tapetão Político’ e conseguir uma liminar no STF (Supremo Tribunal Federal) para voltar à presidência da CBF, nesta quinta-feira (4), o baiano Ednaldo Rodrigues ainda vai ter que enfrentar muitos problemas para se manter no cargo. A ‘bomba’ mais recente é a acusação de assédio moral e sexual apresentada por Luisa Xavier, ex-diretora de Infra-Estrutura e Patrimônio da entidade.
A denúncia foi divulgada, com exclusividade, pelo jornal ‘O Globo’ e, na pior das hipóteses, a CBF deve perder um pouco de seu ‘caixa’ porque o valor pedido de indenização é de R$ 1,8 milhão. Mas, neste momento, Ednaldo parece mais preocupado em voltar a sentar na cadeira ‘toda poderosa’ da presidência, mesmo porque o dinheiro por eventual indenização não vai sair do seu bolso, mas dos próprios cofres da CBF.
A coincidência é que uma denúncia parecida derrubou o ex-presidente da CBF, Rogério Caboclo. Ele perdeu o cargo, mas depois conseguiu um acordo com o Ministério Público do Rio de Janeiro e se livrou das acusações.
Esta acusação só agrava a instabilidade de Ednaldo Rodrigues no cargo máximo do futebol brasileiro. Além das medidas desastrosas relacionadas à Seleção Brasileira, como a dupla função do técnico Fernando Diniz, e a fraca campanha nas Eliminatórias Sul-Americanas, pesam nas suas costas erros de gestão, a falta de diálogo com outros dirigentes (admitida por ele mesmo), e a má gestão da CBF, com excessos de gastos e a falta de capacidade administrativa.
DENÚNCIA BEM DOCUMENTADA
Parece mesmo difícil Ednaldo Rodrigues driblar esta acusação, detalhada em, nada mais, nada menos, do que 400 páginas. Nelas, segundo informações de ‘O Globo’, são detalhadas com requinte vários episódios de assédio moral (em cima do trabalho, como pressão ou cobrança exacerbada) e mesmo o assédio sexual (com insinuações ou palavras comprometedoras).
O material comprobatório conteria, entre outras provas, uma série de ‘prints’ de mensagens no celular e e-mails considerados constrangedores, a ponto dela se sentir assediada. Estes detalhes, porém, serão vistos e lidos por poucos, porque o processo corre em ‘segredo de justiça’ até mesmo para preservar a integridade moral da suposta vítima (Luisa Xavier).
PIONEIRA PRESSIONADA
Ela foi a primeira mulher a ocupar um cargo de direção dentro da CBF. Mas teve uma curta passagem, que durou apenas 15 meses. Assumiu o cargo em abril de 2022 e o deixou em julho de 2023. Luisa Xavier teria feito denúncias ao Comitê de Ética da CBF, em maio de 2023, entretanto, dois meses depois (julho) acabou demitida sob a alegação de que teria passado informações confidenciais à imprensa.
A demissão teria ocorrido numa reunião com a presença de três pesos pesados da CBF, os diretores Hélio Menezes, de Governança, Gamil Föppel, do Jurídico, e Alcino Reis, secretário-geral, com trajetória elogiada no PCdoB, mesmo partido político que conseguiu montar um dossiê capaz de convencer o STF a anulação a liminar que tirou Ednaldo Rodrigues do cargo.
Alcino Reis, embora seja uma figura pouco conhecida no mundo do futebol, exerceria uma grande influência na gestão da CBF, onde era chamado por alguns de ‘Eminência Parda’, aquela pessoa que detém o controle do poder e das ações.
QUEM É LUISA XAVIER?
Luisa Xavier da Silveira Rosa, de 34 anos, uma mulher altamente qualificada. Formada em Arquitetura e Urbanismo pela FAAP e com MBA em Marketing, Direito e Administração Esportiva no programa da FIFA/CIES. Passou a integrar o quadro da CBF em 2020, após uma elogiada trajetória como arquiteta esportiva com atuação em grandes eventos tanto no Brasil como no exterior.
A sua expertise era desenvolver projetos na área da arquitetura esportiva, como estádios, arenas, academias, clubes e centros de treinamentos. Ganhou experiência ao participar dos comitês organizadores da Copa do Mundo do Brasil, em 2014, e depois, em 2016, dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos.